Nokia: como o medo organizacional a nocauteou na batalha dos smartphones

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A Nokia mudou a experiência das pessoas com a telefonia móvel ao apresentar smartphones práticos e com design moderno nos primeiros anos da década de 2000. A empresa finlandesa liderava no mercado de celulares, porém, a partir de 2007, os primeiros lançamentos da Apple e da Samsung acirravam a competitividade no mercado, demonstrando a necessidade de investir em novas estratégias para se manter no topo. Entretanto, erros administrativos decorrentes da cultura do medo presente na empresa, relatados pelos executivos, mostraram como a Nokia perdeu a batalha dos smartphones. 

O estudo Distributed Attention and Shared Emotions in the Innovation Process: How Nokia Lost the Smartphone Battle (2015) averiguou, através de 76 entrevistas com gerentes de topo e de médio, engenheiros e especialistas externos da Nokia, que o fracasso da empresa na elaboração de uma nova geração de smartphones foi fundamentado no medo organizacional, no qual era pautado por líderes temperamentais, mantimento de status e gerentes com medo de apresentar dados verídicos sobre a organização.  

Embora percebessem que a Nokia precisava de um melhor sistema operacional para que seus telefones correspondessem ao iOS e ao Android, os gerentes sabiam que levaria vários anos para desenvolver um sistema que pudesse competir igualmente com os demais, mas temiam reconhecer publicamente a inferioridade do Symbian (sistema operacional da Nokia na época), para investidores externos, fornecedores e clientes, e, assim, perdê-los rapidamente. Os gerentes da empresa finlandesa permaneceram em silêncio ou forneceram informações otimistas ao conselho. O medo compartilhado e exacerbado, sustentado por uma cultura de status dentro da Nokia, fazia com que todos desejassem manter o poder, com temor de serem alocados para outras afiliais ou serem rebaixados ou demitidos. 

A Nokia acabou dando uma atenção desproporcional aos seus objetivos e investiu fortemente em recursos para o desenvolvimento de novos dispositivos em curto prazo de tempo para serem lançados logo no mercado. Dessarte, a empresa entregou ao mercado smartphones com baixa capacidade operacional, diminuindo, assim, suas vendas e, sem saída, teve que vender a parte de telefones da marca Nokia a Microsoft em 2013. Atualmente, a marca pertence à empresa HMD Global.. 

Vemos, assim, que o medo organizacional pode ser bastante prejudicial a uma organização, uma vez que causa prejuízos que podem ser irreparáveis. No caso da Nokia, o professor de estratégia Quy Huy (2015) alega que se os principais gerentes da Nokia tivessem encorajado e permitido o diálogo, a coordenação interna e os mecanismos de feedback para entender o verdadeiro quadro emocional na organização, eles poderiam ter conseguido avaliar melhor o desempenho da empresa e elencar estratégias para se manterem no mercado do smartphones. 

Referências Bibliográficas

O´CONNOR, Thea.Wascollectivefearthereason for Nokia’sdownfall? 2017. Disponível em:<https://www.intheblack.com/articles/2017/03/01/nokia-outsmarted-collective-fear>. Acesso em 28 Nov. 2017. 

 

QUY N. Huy. CASE study: how Nokia lost the smartphone battle. 2015. Disponível em: <http://www.enterprisegarage.io/2015/12/case-study-how-nokia-lost-the-smartphone-battle>. Acesso em: 27 nov. 2017. 

 

TIMO O. Vuori & Quy N. Huy. DistributedAttentionandSharedEmotions in theInnovationProcess: How Nokia Lost the Smartphone Battle. Administrative ScienceQuarterly. 2015. Disponível em:<https://knowledge.insead.edu/strategy/who-killed-nokia-nokia-did-4268> . Acesso: 27 Nov. 2017 

Josué Paiva

 

 

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