“Quarentena me fez criar um perfil aqui!”: o crescimento dos app’s de relacionamento durante a pandemia.

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A pandemia do Covid-19 mudou completamente a vida contemporânea e, sobretudo, os relacionamentos. Devido à necessidade de isolamento social, especialmente nos meses de abril a julho – período de maior intensidade de propagação do vírus no Brasil – a forma como cada pessoa se relaciona com a outra, principalmente se esta não vive debaixo do mesmo teto que você, mudou drasticamente. Assim, durante meses de isolamento social, como fazer para conhecer pessoas novas? Como interagir com outras pessoas, além daquelas que já convivem diariamente com você? Como suprir as necessidades primordiais humanas, tais como interação social e convivência com outros indivíduos, uma vez que este, segundo a Sociologia é um “ser social”, e necessita de estar em constante contato com outros seres humanos? (MENDES; NÓBREGA, 2004) A alternativa, para uma parcela considerável da população – sobretudo a solteira – foi recorrer aos aplicativos de relacionamento, tais como “Tinder”, “Happn”, “Badoo” e entre outros.

Segundo uma pesquisa feita pelo Match Group LatAm, criadora do app de relacionamento “Par Perfeito”, o número de usuários da plataforma, durante os meses de março e maio desse ano, aumentou cerca de 70%. Dessa considerável porcentagem, é possível fazer duas conclusões: muitas pessoas encontraram, sim, nas plataformas digitais um meio de continuar conhecendo – ainda que de forma remota e virtual – outras pessoas e, se em tempos “normais” – longe de qualquer tipo de vírus altamente transmissível e sem necessidade de quarentena – os aplicativos de relacionamento já se mostravam negócios rentáveis, no atual contexto, então, estes encontraram uma forma de aumentar seu lucro e sua serventia. Mas, afinal de contas, se esses app’s tem como finalidade proporcionar ao usuário a experiência de conhecer e ter contato com pessoas novas, como fazê-la em tempos de isolamento social, lockdown – em muitas cidades brasileiras – e pandemia?

Para tanto, os app’s de relacionamento precisaram se adaptar ao momento, assim como todo e qualquer outro negócio diante da impossibilidade de contato social. O Tinder, por exemplo, um dos aplicativos de relacionamento mais usado no Brasil e que obteve um crescimento no 2º trimestre de 2020, segundo a CNN Brasil, adicionou à sua plataforma a opção de realizar “dates virtuais” por meio de chamadas de vídeo. Antes, o usuário só tinha a opção de conversar com seu par por meio de mensagens de texto. Após o contexto de isolamento social, uma das alternativas implantadas no app para torná-lo atrativo aos usuários – e impedir o não cumprimento do distanciamento – foi adicionar a função de realização de chamadas de vídeo. Além disso, outra novidade no aplicativo, para torná-lo ainda mais atrativo para os usuários, foi permitir a interação entre pessoas de diferentes países, através da ativação do “modo internacional”. Antes das medidas de prevenção contra a Covid-19, os usuários só podiam dar match, ou seja, formar um parcomoutro usuário, se este estivesse em um raio de, no máximo, 161 km de distância; com a adição da novidade à plataforma, permitiu-se, assim, um intercâmbio de culturas e de pessoas sem estas precisarem ao menos sair de casa.

Mas, afinal, esse mercado é realmente rentável? Segundo a Forbes, revista estadunidense de negócios e economia, cerca de 25 milhões de pessoas, nos Estados Unidos, usam aplicativos de relacionamento. Além disso, a expectativa de arrecadação do setor de aplicativos voltados para “namoro online” é de US$ 12 bilhões até o final de 2020. Assim, diante de tantos números, é perceptível que esse tipo de mercado digital mostra-se vantajoso e, cada vez mais, lucrativo. Por fim, é pertinente ressaltar que, usando esses aplicativos ou não, o importante é entender a seriedade do atual contexto; usar alternativas para suprir suas necessidades, mas respeitar o momento e, principalmente, o isolamento e as orientações e políticas de saúde pública.

REFERÊNCIAS

JANKAVSKI, André. Tinder dá resultado? Com quarentena, dona do aplicativo cresce 12% no 2º tri. CNN Brasil, São Paulo, 04 de agosto de 2020. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/08/04/tinder-da-resultado-faturamento-da-dona-do-app-cresce-12-na-pandemia/>. Acesso em: 17/09/2020.

LEITE, Larissa. Uso de apps de relacionamento aumenta na pandemia. Portal Contexto, Brasília, 12 de junho de 2020. Disponível em: <https://portalcontexto.com.br/uso-de-apps-de-relacionamento-aumenta-na-pandemia/>. Acesso em: 17/09/2020.

MENDES, Maria Isabel Brandão de Souza; NÓBREGA, Terezinha Petrúcia da. (2004). Corpo, natureza e cultura: contribuições para a educação. Revista Brasileira de Educação, (27), 125-137. https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000300009

VIDALE, Giulia. Por que o pico do Coronavírus no Brasil mudou para maio e junho? Veja, São Paulo, 14 de abril 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/saude/por-que-o-pico-do-coronavirus-no-brasil-mudou-para-maio-e-junho/>. Acesso em: 17/09/2020.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO NO TEXTO FEITA EM: 14.10.20.

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