A próxima pandemia pode vir do Brasil?

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Com a evolução da Covid-19 no Brasil, diversas projeções e estimativas foram revistas, setores da economia estão profundamente impactados e as vidas das pessoas transformadas por conta da adoção de medidas preventivas, como a quarentena. O vírus chegou ao Brasil e desde então se expande de forma progressiva, afetando diretamente o cotidiano dos indivíduos, tendo em vista que transformou seus hábitos, atitudes e consumos. Dentro de uma análise econômica, os principais setores afetados são o do turismo, hospitalidade e aviação. As ações dos dois primeiros chegaram a cair cerca de 70% no último mês e as de aviação em média 78% – de acordo com a presidente da Kantar. Outros setores, por exemplo; commodities, petróleo, varejo, restaurantes, esportes e eventos sofreram impactos negativos, seja pelo abalo econômico chinês ou pelas medidas de quarentena.

Toda essa crise que assola drasticamente os setores econômicos do Brasil é um exemplo, entre muitos outros, das consequências de uma zoonose (doença que pode ser transmitida aos seres humanos pelos animais). Como exemplos históricos de zoonoses que já afetaram drasticamente os seres humanos, temos a peste bubônica, a doença causada por uma bactéria encontrada em pulgas que ficam em ratos contaminados, que assolou a Europa no século 14, reduzindo a população mundial de 450 milhões de pessoas para 350 milhões. Mais recente, temos o exemplo do Ebola – o surto começou em dezembro de 2013 no sul da Guiné até chegar à Libéria e Serra Leoa – que foi declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma “emergência de saúde pública global”. No total, apenas nesses países, foram 26.593 pessoas afetadas pelo vírus, no qual 11.005 morreram em decorrência da febre. Estuda-se que a origem desse vírus vem do resultado do manuseamento de carcaças de animais selvagens infectados, advindo da mutação viral entre primatas e porcos.

O que todos esses surtos tiveram em comum? A ameaça eminente à biodiversidade através dos desmatamentos, da poluição, das alterações climáticas, a caça de animais e, em específico no caso da Covid-19, o tráfico de animais e o turismo gastronômico neofílico (referente a animais exóticos). Tudo isso se dá por conta do “efeito de diluição” da fauna, porque ao contrário do que se acredita, quanto maior for a biodiversidade da fauna e menos “diluído” (aglomerados) estiverem os animais menor será as chances de acontecer uma nova mutação viral.

Assim, animais como o morcego e o pangolim deveriam ter sido mantidos como o cenário ideal: afastados um do outro para que a mutação de vírus como o gerador da Covid-19, pudesse ser evitada. Outros exemplos de mutações virais causadas pela ameaça de biodiversidades são o “Sars-CoV” e o “MERS-CoV”. No caso do Sars-CoV, os estudos dizem que o vírus se espalhou de morcegos para as civetas (mamíferos de pequeno porte) que são vendidas nos mercados de Guangdong. Já o MERS-CoV, o vírus se espalhou dos morcegos para os camelos. Agora, após uma nova mutação é transmitido habitualmente dos camelos para os humanos, o que o torna mais difícil de erradicar.

Entretanto, o que torna isso plausível de ser uma possibilidade para acontecer no Brasil? São as recentes ameaças à biodiversidade do nosso país, uma vez que o país enfrenta inúmeros riscos ao meio ambiente (a poluição da água, do ar e do solo, o desmatamento, o depósito e disposição de lixo em locais inadequados, o desperdício de alimentos e de recursos naturais e o aquecimento global). De acordo com uma pesquisa publicada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 90% dos municípios brasileiros apresentam problemas ambientais, e os principais são: queimadas, altamente prejudiciais para o meio ambiente, porque liberam vários gases na atmosfera associado à intensificação do efeito estufa, que fez “o dia ter virado noite em SP”. Ademais, as queimadas ainda trazem à tona o desmatamento, a exemplo disso temos a Amazônia, ela vem batendo recordes histórico de desmatamento, onde 80% desse problema na região é em decorrência da atividade pecuária. A poluição da água, já chegado a níveis tão intensos que desencadeou a morte de várias espécies, um exemplo foram os óleos encontrados no litoral do país.

Com tudo, fica a mensagem para despertar uma consciência sustentável. Não separando o ser do ambiente e fixando nas pessoas a percepção de que as agressões à natureza serão um reflexo dela própria. Por fim, esse conhecimento precisa ser colocado em prática de forma a mitigar os efeitos negativos com ações conscientes de preservação, uma vez que o Covid-19 não foi o primeiro vírus a impactar a humanidade e não tende a ser o último.

REFERÊNCIAS

ALERTAS DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA BATEM RECORDE NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2020, MOSTRAM DADOS DO INPE. G1, 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/04/13/alertas-de-desmatamento-na-amazonia-crescem-5145percent-no-primeiro-trimestre-mostram-dados-do-inpe.ghtml. Acesso em: 15. maio de 2020.

DESMATAMENTO FAVORECE EPIDEMIA. Meteoro Brasil, 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vZZE-s-ikgg>. Acesso em: 15, maio de 2020.

DIA VIRA ‘NOITE’ EM SP COM FRENTE FRIA E FUMAÇA VINDA DE QUEIMADAS NA REGIÃO DA AMAZÔNIA. G1, 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/08/19/dia-vira-noite-em-sao-paulo-com-chegada-de-frente-fria-nesta-segunda.ghtml>. Acesso em: 15, maio de 2020.

O QUEBRA-CABEÇAS DA ORIGEM DA COVID-19 COMEÇA A SE FORMAR. O estadão, 2020. Disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,o-quebra-cabecas-da-origem-da-covid-19-comeca-a-se-formar,70003296136>. Acesso em: 15, maio de 2020.

PECUÁRIA É RESPONSÁVEL POR 80% DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA, AFIRMA PESQUISADORA. Brasil de Fato, 2019. Disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,o-quebra-cabecas-da-origem-da-covid-19-comeca-a-se-formar,70003296136>. Acesso em: 15, maio de 2020.

PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL. Beduka, 2019. Disponível em: <https://beduka.com/blog/materias/geografia/problemas-ambientais-no-brasil/>. Acesso em: 15, maio de 2020.

TRANSFORMAÇÕES E TENDÊNCIAS PÓS-QUARENTENA. Kantar, 2020. Disponível em:<https://br.kantar.com/mercado-e-pol%C3%ADtica/sa%C3%BAde-e-esporte/2020/thermometer-ed9-(1)/>. Acesso em: 15, maio de 2020.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO NO TEXTO FEITA EM: 12.09.2020.

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