As baleias afundaram o Seaworld?

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A responsabilidade socioambiental tem sido a tônica da sociedade moderna, muitas organizações se tornaram adeptas de práticas responsáveis para se manterem competitivas, visto que a sociedade tem adotado uma postura cada vez mais crítica e reflexiva sobre tais questões. O SeaWorld, famoso por suas apresentações com animais, as quais, inclusive, têm suas temáticas voltadas para a proteção ecológica, se considera uma dessas empresas que erguem a bandeira de amiga dos animais, uma empresa com ações responsáveis na esfera socioambiental. No entanto, o documentário BlackFish, que arrecadou apenas dois milhões de dólares, foi o responsável pela queda dessa imagem do gigante SeaWorld. Lançado em 2013, o documentário retrata a crueldade com que são tratadas as orcas em exibição no parque. Ainda que com pouco sucesso de bilheteria, o filme alcançou milhões de pessoas depois de ter sido exibido na CNN, em canais digitais por demanda, festivais de cinema e escolas.

O filme conta a história das orcas, popularmente conhecidas como baleias assassinas, destaca o tratamento dado à Tilikum, responsável pela morte de três pessoas. O documentário gerou revolta entre os telespectadores e frequentadores do parque, que reagiram violentamente. Diversos foram os impactos sentidos pelo parque: além da resposta negativa de seus clientes, novas proibições foram impostas pelos estados de Nova York, Califórnia e Washington que proibia a manutenção de orcas em cativeiro.  No ano de 2014, um ano após o lançamento do filme, as ações do SeaWorld caíram mais de 50%, além de uma queda brutal nos lucros.

Em 2017, após a morte de diversos animais marinhos, a empresa continuou em declínio, seu público caiu, seu caixa líquido diminuiu e, de acordo com o SeekingAlpha, os valores das ações foram os menores desde a IPO da empresa em 2013. O SeaWorld, que avaliou o documentário como tendencioso, tentou amenizar a publicidade negativa gerada por Blackfish. Após a pressão dos ativistas, da queda dos números ao longo dos anos e das ameaças das agências reguladoras, em março de 2016, a administração da rede de parques aquáticos SeaWorld Entertainment Inc anunciou que não iria mais manter as orcas em cativeiro, como uma tentativa, também, de melhorar sua imagem frente aos seus clientes.

O exemplo do SeaWorld nos remete à memória o termo greenwashing, que se caracteriza por empresas que se dizem adotar uma postura responsável perante o meio ambiente, mas em suas gestões atuam de maneira contrária a isso, executando práticas enganosas. O SeaWorld que divulga em suas plataformas digitais suas práticas responsáveis, como o resgate de animais marinhos, é o mesmo que é alvo de diversas ações sob acusação de maus tratos com os animais do parque.

COLETIVO VERDE. O que é Greenwashing?. Disponível em: <http://www.coletivoverde.com.br/o-que-e-greenwashing/>. Acesso em 07 de março de 2018.

GLOBO. SeaWorld é alvo de nova ação por maus tratos de animais. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/seaworld-alvo-de-nova-acao-por-maus-tratos-de-animais-15848545>. Acesso em 07 de março de 2017.

PORTAL DOS ADMINISTRADORES. Parque aquático SeaWorld anuncia que não vai mais criar baleia orca. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/parque-aquatico-seaworld-anuncia-que-nao-vai-mais-criar-baleia-orca/109191/>. Acesso em 06 de março de 2018.

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