O impacto do Disney+ no mercado de streaming nacional

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O atual mercado de streaming:

O streaming é considerado uma tecnologia de transmissão de dados multimídia on-line, em especial para conteúdos audiovisuais, acessado por meio de equipamentos como computadores, smartphones e televisões. Esses serviços podem ser gratuitos, quando há anúncios, ou pagos como forma de monetização. Alguns exemplos que temos desses serviços no mercado são: Netflix, Amazon Prime Video, HBO Go e Globoplay. Os streamings, dentro do nosso cenário nacional, estão cada dia mais populares no mercado e vêm deixando os usuários com inúmeras opções para seu entretenimento.

Nesse quesito, quando o assunto é séries ou filmes para entretenimento, a Netflix segue na liderança no mercado de streaming nacional, tanto em valor de mercado (US$ 158 bilhões, segundo o Infomoney) quanto em popularidade. Além disso, ela é seguida por outras gigantes do mercado internacional, como: Amazon Prime Video, HBO Go ou a recém-lançada BritBox (das britânicas BBC e ITV). Somando ainda a plataformas nacionais como o GloboPlay, a qual é vista pelos especialistas da Infomoney como uma grande oportunidade de negócio.

Quanto ao número de usuários, a Netflix possui o maior número, cerca de 183 milhões de assinantes, seguido pelo Prime Vídeo da Amazon, com cerca 150 milhões de assinantes (segundo o Infomoney). Esses números são crescentes a cada dia, principalmente por conta do cenário de isolamento social, no qual todos os serviços de streaming vêm se beneficiando com isso. Além do cenário de mercado propício, uma estratégia que tem se mostrado bem sucedida, para conseguir aumentar ainda mais esses números, é a de oferecer pacotes de serviços junto com a assinatura (como o Prime Vídeo e sua entrega mais rápida de produtos pela Amazon).

No entanto, essa situação vem se tornando menos confortável para o nosso mercado nacional, uma vez que foi anunciado o lançamento do serviço Disney+ aqui no Brasil. Esse serviço já atraiu milhões de usuários, antes mesmo de ser lançado em escala global, e agora já possui uma data de lançamento por aqui no Brasil.

A ascensão do Disney+:

Por conta da pandemia, as escolas começaram a fechar nos Estados Unidos no dia 12 de março. Logo em seguida, entre os dias 14 e 16, o número de novas assinaturas da plataforma de streaming da Disney triplicou em relação ao mesmo período da semana anterior – segundo dados coletados pela Antenna, uma empresa de análise do setor. Os dados também foram confirmados pela Disney ao anunciar ter atingido 50 milhões de assinantes da Disney+.

Também foi revelado que os números atingidos pela plataforma, os quais excederam as expectativas da empresa, já haviam alcançado a quantidade mínima projetada para 2024, quatro anos antes. Mesmo ainda não tendo penetrado muitos mercados em potencial, desde seu lançamento, em 12 de novembro de 2019, até os últimos dados de agosto, o streaming conquistou 60.5 milhões de assinantes. Esse crescimento se deve, em parte, por sua chegada, nas últimas semanas, a oito mercados europeus e no asiático, como: Alemanha, França, Reino Unido e Índia.

Embora a pandemia tenha estabilizado a disputa a favor da conhecida Netflix, outras mudanças têm atraído a atenção para o serviço da Disney. Em especial, a decisão da empresa de lançar o filme Mulan, que custou US$ 200 milhões, direto em sua plataforma de streaming. O lançamento foi através de VoD (Video on Demand), para os assinantes das plataformas, ao invés de lançar no cinema (por conta da pandemia e à ameaça iminente de baixa adesão). O sucesso em tal decisão mudou bastante todo o mercado Norte-americana dentro do cenário pandêmico. Isso porque os assinantes aderiram ao VoD fazendo com que o filme se pagasse (gerasse lucro) e tivesse um desempenho melhor do que os filmes que foram lançados no cinema no mesmo período – filmes esses que tiveram um desempenho inferior de bilheteria.

Sua chegada ao Brasil:

O Disney+ tem todos os quesitos necessários para ser uma excelente opção de streaming aos usuários brasileiros. Certamente, este trará um catálogo extenso e de qualidade, contendo animações, séries e filmes originais (incluindo futuros lançamentos) pelo qual o público anseia. O streaming fará sua estreia no Brasil em 17 de novembro, e irá unificar sob um único catálogo séries e filmes da Disney e suas propriedades – Pixar, Lucasfilm, Marvel Studios e National Geographic –, além de obras originais e exclusivas.

Apesar do ganho expressivo de usuários que as plataformas de conteúdo tiveram por conta da pandemia, a previsão da especialista Aline Pardos (diretora da DCM Consulting) é que entre o final deste ano e início de 2021 a situação tenda a se estabilizar, uma vez que os consumidores ficarão mais atentos para onde destinam seus gastos. O que é diferente dos Estados Unidos, no qual os usuários costumam assinar de dois a três serviços, no Brasil ainda não chega a dois. Além do mais, com o impacto da pandemia na renda das pessoas, os assinantes vão ser mais criteriosos. Quanto ao preço do Disney+, nos EUA ele equivale a U$S 6,99 por mês e no Brasil o valor anunciado foi de R$ 29 por mês.

Seu futuro Impacto:

Com a chegada do Disney Plus, mais de 70 títulos deixarão o catálogo do Prime Video (e de algumas outras plataformas). No Brasil, o Amazon Prime Video exibia diversos títulos pertencentes à Disney, mesmo antes que esta lançasse seu próprio serviço de streaming, que são responsáveis pelo entretenimento de boa parte dos seus assinantes. Contudo, agora essas obras irão deixar o catálogo do Prime Vídeo e irão estrear em novembro no Disney Plus. Isso irá trazer mais assinantes para plataforma, uma vez que, no Brasil, ainda não é comum as pessoas terem mais de duas assinaturas de streaming, como afirma Aline Prado.

Agora, para além da disputa streaming X streamings, outro debate cresceu durante o cenário pandêmico – e que deve ganhar mais relevância no mercado nacional com a chegada do Disney+ – a respeito da disputa pelo primeiro lugar de exibição dos grandes filmes. O que sempre foi majoritariamente dos cinemas, durante o isolamento social (com os mesmos fechados) o VoD deu espaço para a estreia de longas como Artemis Fowl e Mulan. A Disney também sentiu o impacto da paralisação dos cinemas, e assim foi decidido que “Mulan” seria lançado direto no Disney+. O grande sucesso, que trouxe em retorno financeiro, a adesão do público ao VoD já mudou muito a perspectiva do mercado cinematográfico nos Estados Unidos, o que também pode vir a influenciar no Brasil.

Assim, os VoDs podem vir a fazer parte dos hábitos culturais brasileiros. Uma vez que estarão aderindo ao modo da Disney, outros streamings tendem a investir em pacotes de assinatura e em conteúdo, especialmente o nacional, que tem um apelo maior. Essa estratégia também visa evitar as assinaturas por sazonalidade – no qual o público assina um streaming quando determinada série ou temporada está repercutindo e depois cancela o serviço.

Apoiado no mesmo debate acerca da renda brasileira levantada, especialistas do assunto colocam outro elemento de grande relevância no mercado nacional: a pirataria. Esta deve aumentar conforme a amplitude da crise econômica consequente da Covid-19. Para muitas pessoas que adotaram streaming, a pirataria vinha caindo e as pessoas se habituaram a não ter que caçar conteúdo e a baixar legenda. Mas sem dinheiro e em uma crise econômica que faz com que nós tenhamos mais necessidades, a tendência a consumir conteúdo de forma ilícita é ainda maior, conforme argumenta Aline Prado. Principalmente aos usuários que vão abrir mão de assinar um segundo streaming.

Por fim, para manter a competitividade com essa nova gigante dos stremings, Thiago Costa (professor de comunicação e marketing da FAAP) compartilha da percepção de que os demais streamings, apesar de consolidados, devem correr atrás de investir em mais propriedades intelectuais. Tendo em vista que o Disney+ tem em seu catálogo personagens e histórias já icônicas e duradouras. Além disso, conforme a tendência dos títulos dessas companhias for migrando de seus catálogos para o Disney+, às demais companhias de streaming terão franquias de suas produções originais.

REFERÊNCIAS

 

A TENDÊNCIA DO STREAMING: OS IMPACTOS DA DISNEY PLUS E DO LIVE ACTION MULAN. Ipog, 2020. Disponível em: <https://blog.ipog.edu.br/comunicacao-e-marketing/disney-mulan-streaming/>. Acesso em: 25/10/2020.

DISNEY PLUS TEM LANÇAMENTO NA AMÉRICA LATINA CONFIRMADO PARA NOVEMBRO. Cinema com Rapadura, 2020. Disponível em: <https://cinemacomrapadura.com.br/noticias/582529/disney-plus-tem-lancamento-na-america-latina-confirmado-para-novembro/>. Acesso em: 25/10/2020.

PANDEMIA IMPULSIONA O STREAMING DA DISNEY ENQUANTO OS CINEMAS FECHAM. Tododia, 2020. Disponível em: <https://tododia.com.br/pandemia-impulsiona-o-streaming-da-disney-enquanto-os-cinemas-fecham/>. Acesso em: 25/10/2020.

COM A CHEGADA DO DISNEY PLUS, MAIS DE 70 TÍTULOS DEIXARÃO CATÁLOGO DO PRIME VIDEO. Cinema com Rapadura, 2020. Disponível em: <https://cinemacomrapadura.com.br/noticias/585855/com-a-chegada-do-disney-plus-mais-de-70-titulos-deixarao-catalogo-do-prime-video/>. Acesso em: 25/10/2020.

NETFLIX SUPERA DISNEY EM VALOR DE MERCADO EM MEIO A QUARENTENAS. Infomoney, 2020. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/negocios/netflix-supera-disney-em-valor-de-mercado-em-meio-a-quarentenas/>. Acesso em: 25/10/2020.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO NO TEXTO FEITA EM: 25/10/2020

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