Spotify e a Revolução do Streaming na Experiência Musical.

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Talvez não seja segredo para ninguém que o segmento de streaming surgiu transformando por completo o consumo de arte, informação e, em um olhar macro, o entretenimento como um todo. Se antes a experiência de ouvir música era construída desde a ida às lojas, passando pelas longas esperas da cópia física – o empecilho de logística era bem comum, uma vez que algumas cidades não “recebiam” o produto – e terminando em coleções que ocupavam estantes enormes em nossas casas, depois da popularização do Spotify – e de seus concorrentes! – a compactação de um grande volume de conteúdo e a agilidade de distribuição de conteúdo tornaram-se um ponto forte da era dos streamings. O fenômeno foi tão intenso que, segundo o Portal TecMundo (2018), em apenas dois anos de atuação, a plataforma conseguiu diminuir 25% do total de pirataria na Suécia.

Apesar de não ter sido pioneiro no streaming de áudio, a empresa foi a única capaz de atingir números tão elevados. Em um compilado feito pelo Tecnoblog (2018), foi descoberto que, ao completar dez anos de existência, já contavam com mais de 180 milhões de usuários ativos, cerca de 40 milhões de canções no acervo e mais de 10 bilhões de euros pagos em royalties (quantia paga a um proprietário pelo direito de uso, exploração e comercialização de um bem). Os principais fatores que facilitaram a alavancagem do Spotify nos últimos cinco anos foram: dinamização dos serviços de internet, alinhado ao aumento da acessibilidade a conexões rápidas, obsoletismo da pirataria e dificuldade do mercado em ofertar um serviço com preço adequado, de grande acervo e irrestrito à diversos países. Os dois últimos estão diretamente relacionados – apesar de quererem não “depender” mais da distribuição ilegal, as alternativas eram muito caras ou extremamente limitadas – e podem ser interpretados tanto como causa, quanto como consequência.

Entretanto, o desafio era grande por conta do modelo de compra vigente no cenário: você compra um álbum/disco, não importando o formato, e ele é seu para sempre. Já o Spotify idealizava o conceito de pagar para ter acesso, não a posse (TECNOBLOG, 2018). Devido a isso, por dois anos as tentativas de atrair investidores e convencer gravadoras e distribuidoras foram falhas e os dois idealizadores tiveram que arcar com todos os custos operacionais da organização. Esse fato ressalta como os sacrifícios iniciais valem a pena se você realmente acredita no modelo de negócio que está propondo.

Dessa maneira, muitos pontos podem ser levantados com base no planejamento estratégico do Spotify e efetiva atuação no mercado. Em uma primeira análise, vamos checar um dos pontos mais fortes: o plano de marketing desenvolvido com base no público. O PostSpot (2018) define que cerca de 67% dos clientes são millenials (nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, o final do século) e isso explica a comunicação informal e descontraída, a identidade visual moderna e o forte engajamento nas redes sociais, elementos essenciais para a construção de um contato próximo entre marca e cliente. Ainda nesse ponto, a plataforma é muito solícita e ágil em resolução de problemas, agradando ainda mais e aumentando as chances de serem recomendados entre amigos e familiares.

Outra sacada genial foi o estabelecimento diz respeito à estrutura organizacional interna e gestão de projetos, afinal eles atuam em 65 países, simultaneamente. Rubão Alves (2018), coordenador de projetos de TI do Itaú Unibancos, aponta que eles trabalham, principalmente, com o modelo de SCRUM (metodologia ágil de gerenciamento de projetos que visa entrega contínua e acompanhamento intenso de todas as etapas). Assim, as equipes da empresa foram divididas em unidades muito pequenas, cada uma responsável por determinada funcionalidade do aplicativo, possuindo um “product owner” – em termos simples, é um gerente responsável pela verificação das atividades e alinhamento entre os membros – e com autonomia para escolher, desenvolver e implantar alterações no software. Ou seja, não há procedimentos burocráticos de aprovação e as chances de erro são muito pequenas, por conta do modo de gestão definido.

Por último, a marca é bastante eficiente em entregar além do seu produto. Toda a plataforma, contato com cliente e até mesmo as campanhas publicitárias feitas ressaltam que o Spotify existe para fornecer experiências. Uma matéria do PostsStop (2018), revela que os insights gerados em cada playlist disponibilizada revelam “estado de espírito, predisposições, gostos e comportamentos”. Além disso, as palavras-chave mais comuns são diversidade, nostalgia, ânimo e descoberta, trazendo um lado mais humano e mostrando que a organização está inserida no seu dia-a-dia e te acompanha em qualquer ocasião.

REFERÊNCIAS

ALECRIM, Emerson. Dez anos de Spotify: como o serviço mudou a indústria da música. Tecnoblog, 2018. Disponível em: <https://tecnoblog.net/263609/spotify-dez-anos-historia-streaming-musica/>. Acesso em: 21 de junho de 2020.

ALVES, Rubão. Caso de Sucesso #001 – Spotify: como está implementando o Scrum em uma das empresas mais ágeis da atualidade. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/caso-de-sucesso-001-spotify-como-est%C3%A1-implementado-o-rubens-alves>. Acesso em: 21 de junho de 2020.

BENTO, Andress. Spotify: o que a gigante do streaming tem a nos ensinar sobre marketing?. PostSpot, 2018. Disponível em: < https://postspot.co/spotify-o-que-a-gigante-do-streaming-tem-a-nos-ensinar-sobre-marketing/>. Acesso em: 21 de junho de 2020.

KLEINA, Nilton. A história do Spotify e a revolução do streaming na música. Tecmundo, 2018. Disponível em: < https://www.tecmundo.com.br/mercado/131633-historia-spotify-revolucao-do-streaming-musica-video.htm>. Acesso em: 21 de junho de 2020.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO FEITA EM: 24.07.20.

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