Fyre Festival; Apesar de toda divulgação, faltou Marketing Sim!

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O Fyre Festival foi um evento exclusivo para promover a criação de um aplicativo de reservas de hotéis, o qual juntou Billy McFarland ao rapper Ja Rule (Ambos empreendedores e grandes investidores da área de entretenimento) a criarem o que prometeu ser o “festival do ano”. Impulsionado pela sua publicidade em Mídias Digitais, através de influenciadoras como Emily Ratajkowski, Bella Hadid e Kendall Jenner, conseguiram alcançar milhões de pessoas. Sobrecarregando as redes sociais com fotos de quadrados laranja e com a hashtag “#fyrefestival”, fascinou e instigou a curiosidade de multidões e a venda de pacotes que poderiam custar até 100 mil dólares, a organização prometia acomodações de luxo e “o melhor da comida, da arte, da música e das aventuras” em uma ilha caribenha. Mas apesar de toda a mídia em cima e todas as promessas ao público, o evento foi um grande fracasso.

Mas antes de entender o grande fiasco que foi esse festival, é importante saber que apesar de estarem muito próximos, marketing e publicidade não são a mesma coisa. Diferente do que muitas pessoas imaginam, essas áreas não possuem o mesmo conceito. Cada uma delas tem as suas características e podem trazer resultados extraordinários para o negócio se aplicadas corretamente. A publicidade, por exemplo, é um dos instrumentos que o marketing utiliza na criação das suas estratégias. É o ato de propagar uma mensagem atendendo aos diversos objetivos de marketing. Uma publicidade pode ter a finalidade de vender um produto, divulgar uma ideia ou atrair mais visibilidade para a marca, por exemplo. Sendo assim, é um fato incontestável que toda a publicidade criada em volta do festival foi extremamente eficaz. Embora não tenha sido 100% eficiente, no que agora diz respeito ao marketing.

O marketing é um conjunto de estratégias que visa ajudar as empresas no alcance dos seus objetivos e, por isso, responsável pelo planejamento de todas as ações necessárias para atingir os propósitos do negócio. Para isso, o marketing considera os 4 Ps: Produto (O que se vende); Preço (O Valor do produto); Praça (Onde o Produtor é oferecido); e Promoção (A divulgação do produto). Desse modo, embora a organização do festival tenha sido muito eficaz em toda a Promoção e Praça do festival, eles deixaram muito a desejar nos outros pilares do marketing: Não entregando metade do produto que foi prometido, por mais que eles entendessem quais os atributos valorizados pelo público são ignorados pela concorrência. Sobre o Preço, o mais importante é saber que a volatilidade dele está diretamente ligada ao posicionamento de mercado, com essa informação a organização do evento poderia ter organizado um posicionamento para as demandas junto ao que eles poderiam realmente demandar, tendo seu preço definido pelo próprio mercado.

Esse festival, certamente, chamou a atenção para o fato de que infelizmente muitas empresas, de acordo com o estudo de caso de um pesquisador sobre o assunto, Ribeiro (2019), ainda veem o Marketing de forma muito simplista e acreditam que fazê-lo se resume a “distribuir flyers, fazer comercial, ter um site e enviar emails”. Pode parecer exagero, mas enxergar o Marketing dessa maneira, além de desperdício de recursos, a longo do tempo, pode culminar no fracasso de um empreendimento, ou nesse caso um festival. Por conseguinte, é grande a lista de displicência do Marketing do Fyre Festival: Investir muito em publicidade online e esquecer-se da importância do planejamento. Falta de desenvolvimento geral da campanha/produto e até mesmo na distribuição dos serviços. Indiferença em entender as necessidades do seu público e sua capacidade de fornecer o que está sendo vendido. O que levou à ruína toda boa campanha e uso adequado de marketing digital. Entretanto, o que mais pesou negativamente no marketing do evento foi o fato de que eles continuarem a divulgar um serviço insustentável que não teria como existir, mentindo e assim frustrando todos os seus clientes.

Embora tenha ocorrido todo esse fiasco responsável pelo marketing do evento, nem tudo foi culpa dele. O evento em si tinha um bom planejamento inicial, entretanto muitos erros quanto ao prazo do evento, localização, montagem, contratação e divulgação dos serviços foram cometidos durante o processo. O que também acarretaram no fracasso do festival e do aplicativo.

Logo após todos esses erros, o festival que contaria com um público de milhares de pessoas teve o seu declínio. A propaganda de um evento com qualidade em transporte, acomodações, gastronomia, música e um ambiente paradisíaco era uma farsa.  Apesar de a intenção existir, era para um público bem menor do que o esperado. E durante o planejamento e desenvolvimento do evento as coisas saíram do controle. Por diversos fatores, desde o planejamento, consonâncias de prazos e verbas destinadas para a execução dos serviços.

E numa coincidente ironia, as redes sociais que criaram o festival, também foram elas que a derrubaram. Quando os primeiros clientes chegaram à ilha e descobriram as condições deploráveis em que seriam recebidos, os vídeos e as fotos que publicam acabaram com a grande mentira que era o Fyre. Os inúmeros influenciadores digitais se juntaram aos convidados e publicaram uma série de vídeos nas redes sociais revelando a grande mentira do evento.

O Fyre Festival, logo, não foi apenas uma experiência traumática para as pessoas que pagaram, também teve um forte impacto negativo sobre a população local que ajudou os organizadores a preparar o evento. Segundo o documentário da Netflix, uma dona de restaurante conta que desembolsou US$ 50 mil do próprio bolso para fornecer alimentação para o festival. Além do mais, o organizador Billy McFarland não pagou os trabalhadores da ilha por seu tempo ou recursos dedicados.

No fim, o festival foi exposto como uma fraude, e seu fundador, Billy McFarland, foi condenado em fevereiro a pagar R$ 11 milhões para os investidores e a seis meses de prisão. Em paralelo, Ja Rule, foi nomeado em um processo milionário movido por várias pessoas que compareceram ao evento. Entretanto, o rapper não sofrerá consequências por seu papel na criação e promoção do Fyre Festival, evento desastroso de 2017 que virou tema de documentário da Netflix no começo deste ano.

REFERÊNCIAS:

GILBERT, Loren Grace; CHILDERS, Courtney; BOATWRIGHT, Brandon. Fyre Festival: The good, the bad, the ugly and its impact on influencer marketing. 2020.

KOTLER, Philip. Kotler on marketing. Simon and Schuster, 2012.

RIBEIRO, Natan Henrique Ferreira. CONSTRUÇÃO DE BRANDING E SUAS INTERFACES NO SEGMENTO DO ENTRETENIMENTO: Um estudo de caso das marcas Rock in Rio e Fyre Festival. 2019.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO NO TEXTO FEITA EM: 01.03.2020

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